Como fazer uma escola sustentável
Atitudes como combater o desperdício e consumir de forma consciente são bons caminhos para a preservação da natureza
ECOALFABETIZAÇÃO Na EE Comendador Joaquim Alves, todos cuidam da natureza com atitudes simples. Fotos: Carlos Costa
"As crianças precisam iniciar esse processo desde cedo. Não basta falar e ensinar apenas com livros", diz Lucia Legan, autora do livro A Escola Sustentável, pedagoga e diretora do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (Ecocentro Ipec), em Pirenópolis, a 120 quilômetros de Goiânia. Também não adianta fazer um projeto de combate ao desperdício da água e deixar torneiras vazando e mangueiras abertas no jardim da escola.
Ser ecologicamente sustentável significa apostar num desenvolvimento que não desrespeite o planeta no presente e satisfaça as necessidades humanas sem comprometer o futuro da Terra e das próximas gerações. Tal postura se enquadra no conceito de permacultura, criado em 1970 e segundo o qual o homem deve se integrar permanentemente à dinâmica da natureza, retirando o que precisa e devolvendo o que ela requer para seguir viva. Parece complicado, mas pode ser posto em prática com ações simples, como não desperdiçar água, cultivar áreas verdes e preferir produtos recicláveis (saiba como implantar essas e outras medidas neste projeto).
Sabe-se que, em pequena escala, tais procedimentos não revertem os danos causados ao meio ambiente, porém têm grande impacto na rotina escolar. "Temos consciência de que as iniciativas da escola são fundamentais para promover a conscientização dos alunos, os futuros adultos que tomarão conta do planeta", afirma Neide Nogueira, coordenadora do programa de Educação Ambiental do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), em São Paulo.
Alfabetização ecológica: um projeto que mobiliza toda a equipe
DESCARTE CORRETO Os alunos mantêm uma composteira para jogar fora papéis e sobras da cozinha
Os gestores podem iniciar o processo, envolvendo funcionários e famílias do entorno. As faxineiras, por exemplo, devem atentar ao descarte de lixo e produtos de limpeza e ao bom uso de água e energia. Já aos professores fica a tarefa de discutir as várias questões ambientais com os conteúdos das disciplinas. "Tudo isso passa à comunidade a mensagem de que a escola se preocupa com a Terra", afirma Neide.
Foi nessa mobilização que investiu a diretora Iolanda José Naves, da EE Comendador Joaquim Alves, em Pirenópolis, com a ajuda do Ecocentro Ipec. Os alunos estudaram o assunto e, em seguida, fizeram desenhos sobre como gostariam que a escola fosse em termos ambientais. Surgiram elementos como coletores de chuva, ainda não implantados, e a ampliação das áreas verdes, aspiração já concretizada.
Hoje, 600 alunos do 6º ao 9º ano cuidam do descarte de resíduos, mantendo uma composteira com a ajuda dos professores, e do cultivo de árvores, participando de projetos de reflorestamento do entorno. Também auxiliam a equipe a separar o papel que será encaminhado para a reciclagem e combatem o desperdício de comida, água e energia.
Transformar valores e atitudes cotidianas requer cuidado especial por parte da gestão. É um erro comum, por exemplo, tocar no assunto apenas em datas comemorativas. Campanhas de reciclagem também devem ser vistas com bastante cautela, pois promovem concursos que premiam quem mais reúne garrafas PET ou latas de alumínio - longe de ser uma atitude sustentável, elas acabam promovendo o consumo desnecessário. "A criança não deve separar o lixo para vencer uma aposta, mas por ser essa uma postura essencial para o meio ambiente", afirma Neide. Outras ações nada eficazes são ensinar apenas com palestras e projetos tão complicados que acabam sendo abandonados.
A questão ambiental é um assunto cada vez mais em pauta na sociedade e ela pode estar integrada às práticas cotidianas de uma escola. Esse, segundo Lúcia Legan, é o jeito mais eficaz de transmitir o aprendizado necessário sobre meio ambiente e sustentabilidade. Confira o projeto institucional elaborado com base nas iniciativas desenvolvidas na Comendador Joaquim Alves e em outras escolas de Pirenópolis, em parceria com o Ecocentro Ipec.
Transformar valores e atitudes cotidianas requer cuidado especial por parte da gestão. É um erro comum, por exemplo, tocar no assunto apenas em datas comemorativas. Campanhas de reciclagem também devem ser vistas com bastante cautela, pois promovem concursos que premiam quem mais reúne garrafas PET ou latas de alumínio - longe de ser uma atitude sustentável, elas acabam promovendo o consumo desnecessário. "A criança não deve separar o lixo para vencer uma aposta, mas por ser essa uma postura essencial para o meio ambiente", afirma Neide. Outras ações nada eficazes são ensinar apenas com palestras e projetos tão complicados que acabam sendo abandonados.
A questão ambiental é um assunto cada vez mais em pauta na sociedade e ela pode estar integrada às práticas cotidianas de uma escola. Esse, segundo Lúcia Legan, é o jeito mais eficaz de transmitir o aprendizado necessário sobre meio ambiente e sustentabilidade. Confira o projeto institucional elaborado com base nas iniciativas desenvolvidas na Comendador Joaquim Alves e em outras escolas de Pirenópolis, em parceria com o Ecocentro Ipec.